Por: Thiago Cardoso
Pensamento listrado, sorriso distante.
Pensamento na cor que a faca finca sem pudor
Vejo listras, listo cores
que me consomem, que me queimam as entranhas
Estranhas são as sensações, que me tomam num piscar,
quando as listras se encontram no foco do meu olhar.
Olho atento e tento encontrar,
alguma razão pela qual sou incapaz lutar.
Duas cores entre listras, é o que vejo em minha frente
O roxo em dois tons me atordoam e me cegam
Entorpecem e arrancam, a razão e a perspicácia
Minhas perguntas sem respostas,
ressurgem e atormentam,
enquanto o roxo em movimento,
se mistura com as idéias que me surgem involuntárias;
loucuras inconseqüências, tolices solitárias.
Em minha mente as sinapses
tomam cores e se tornam
listras roxas que se alastram,
destruindo pensamentos.
Em minha frente se aproxima e se enrola numa faca,
o tecido que eu fitava, entre listras, entre luzes.
Entra a faca, num só golpe, a cor finca sem pudor.
Corro o máximo que posso, para aliviar a dor.
Dor que queima minha face, dilacera minha alma,
consumindo minhas virtudes, confundindo atitudes.
Paro então e observo.
A mão que ataca e finca a faca,
se aproxima e agora afaga.
Um olhar e um sorriso, tomam forma e formam corpo
entre as listras e o vermelho, que a faca fez brotar.
Brotam flores no jardim em que passo a caminhar.
O roxo vivo e seus tons, semi-tons,junto aos sons,
me sorriem e balançam, o balaio em que me encontro,
absorto em tal encanto.
Me acomodo no balaio e atentamente ouço o canto.
Me apego à mão que afaga, fecho os olhos e me embalo,
no balanço que carrega o alívio e a chama,
que afaga e afoga, que me leva ao jardim
onde à noite listras lindas, se envolvem num motím.
Eu de volta entorpecido, pelas cores de um tecido
que se finca no meu peito, com a faca e sem pudor.
Roxo (Cor que a faca finca sem pudor) de
Thiago Cardoso é licenciado sob uma
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